top of page
Search

"eat, pray, love." e o processo de cura

  • Writer: Mari Lima
    Mari Lima
  • Mar 23
  • 9 min read

Updated: Mar 25

Dos mesmos criadores de: como superar um término.


Essa semana eu me lembrei de um dos meus filmes favoritos: "comer, rezar e amar". E pensei, porque não escrever sobre ele?


Antes de qualquer coisa, assista ao filme, "comer, rezar e amar" com a Julia Roberts, porque esse artigo vem recheado de spoilers KKKKK. E coloca "Harvest Moon" do Neil Young pra tocar, é a trilha sonora oficial do filme (que inclusive, a vibe, cai como uma luva nesse artigo).


Eu acredito que TODO MUNDO tenha algum assunto insuperado. É normal, está na nossa essência de seres humanos. Desde aquele feio que te meteu um chifre, até aquela rejeição no seu programa dos sonhos. E mesmo não existindo uma fórmula exata de como superar nossas dores, resolvi escrever esse artigo para tentar te ajudar com o pouco que sei, com, claro, a ajuda da Julia Roberts.


ree

Sobre o filme:


Durante o longa-metragem, acompanhamos Liz Gilbert, uma escritora bem-sucedida que, mesmo tendo uma vida aparentemente perfeita, se sente perdida e desconectada com de si mesma. Buscando um propósito e cura pós-divórcio, ela se aventura por três países: itália, onde ela se apaixona pelos prazeres da comida e o frio na barriga de um novo idioma, Índia, onde ela participa de um retiro espiritual, em busca de um conforto religioso, e, por fim, ela vai até a Indonésia, lugar onde ela reencontra o que monge previu sua aventura pelo mundo. Lá, ela aprende sobre o amor e o equilíbrio.


A jornada da Liz é um convite à reflexão sobre recomeços, autodescoberta e a coragem de se colocar como protagonista da própria história. Outra coisa muito importante, eu acho ela tão vida real, no início do filme, ela tá bem caótica, e é bem assim que a gente se sente, algumas vezes, sem um motivo muito claro e aparente, mas uma dor e tristeza avassaladoras... Pelo menos, no fim tudo acaba bem KKKKKKK.


A importância de se permitir sentir e aceitar a própria dor.


Um dos maiores aprendizados que podemos tirar da jornada de Liz é que a cura não acontece sem dor. Muitas vezes, diante de términos, rejeições ou fracassos, somos levados a acreditar que precisamos seguir em frente rapidamente, sem dar espaço para nossas emoções. No entanto, o filme nos lembra que o sofrimento faz parte do processo de transformação e tá tudo bem chorar (as vezes, só chorando BASTANTE, que a gente se acalma e conseguimos aliviar a pressão). A Liz nunca foge da sua dor, pelo contrário, ela a encara de frente, se permitindo sofrer, sentir a solidão e questionar suas próprias escolhas.


Na Itália, ela se reconecta com pequenos prazeres e se dá permissão para simplesmente existir (nas coisas mais simples mesmo, ela come pizza sem medo engordar, ri alto em público sem se preocupar com o que vão pensar dela...). Já em Bali, ela compreende que o amor, antes de ser algo externo, precisa vir de dentro, e, aos poucos, podemos ver como esses gestos vão consolidando dentro dela um sentimento de superação e vão, aos pouquinhos, curando onde dói.


Esse processo de acolher a própria vulnerabilidade é essencial para quem deseja superar momentos difíceis, até porque, ignorar ou reprimir sentimentos pode apenas prolongar o sofrimento.


fotos dela sofrendo e uma dela comendo pizza na italia.


Pouco a pouco, ela vai nos mostrando que recomeços são SIM possíveis, e extremamente necessários. E embora nem todos possam embarcar em uma viagem pelo mundo, sua trajetória nos mostra que o mais importante não é a geografia, mas o compromisso com o próprio bem-estar independente de onde estamos. Podemos buscar prazer nas pequenas coisas, encontrar espiritualidade no silêncio e aprender a amar de novo, começando por nós mesmos.


Para quem enfrenta desafios emocionais, "Eat, Pray, Love" serve como um lembrete de que não há um tempo certo para se curar, e que cada pessoa tem um caminho único de reconstrução. O essencial é dar o primeiro passo: seja ele tirar um tempo para si, mudar de ambiente, buscar apoio ou simplesmente começar a se ouvir. O filme nos convida a perguntar: o que realmente nos faz felizes? E, mais importante, estamos dispostos a buscar essa resposta com o coração aberto?


Passo 1: Itália (comer)


Ao chegar à Itália carregando o peso de um divórcio doloroso e de um relacionamento fracassado, Liz, pela primeira vez em muito tempo, se dá permissão para simplesmente existir, sem a pressão de corresponder a expectativas externas. Seu tempo em Roma e Nápoles não é apenas uma viagem gastronômica, mas um exercício de aceitação: ela aprende a acolher sua dor sem culpa e a encontrar alegria nas pequenas coisas.


Uma das cenas mais marcantes acontece quando Elizabeth saboreia um prato de spaghetti em um restaurante italiano e, olhando para si mesma, diz: "Eu estou tendo um caso de amor com essa pizza." Esse momento simboliza a importância de desacelerar e apreciar a simplicidade dos mementos, relaxe, viva um segundo de cada vez.


Muitas vezes, depois de uma decepção, sentimos a necessidade de provar algo para os outros, de mostrar que já superamos e nessa cena, em particular, dá pra tirarmos uma reflexão muito importante, a de "CALMA, VOCÊ É SÓ UM SER HUMANO".


ou essa também: (eu AMO essa frase de paixão)


“Let me ask you something, in all the years that you have...undressed in front of a gentleman has he ever asked you to leave? Has he ever walked out and left? No? It's because he doesn't care! He's in a room with a naked girl, he just won the lottery. I am so tired of saying no, waking up in the morning and recalling every single thing I ate the day before, counting every calorie I consumed so I know just how much self loathing to take into the shower. I'm going for it. I have no interest in being obese, I'm just through with the guilt. So this is what I'm going to do, I'm going to finish this pizza, and then we are going to go watch the soccer game, and tomorrow we are going to go on a little date and buy ourselves some bigger jeans.”

Acho que essa é uma das minhas cenas favoritas de todo o filme...


Nessa cena, Elizabeth expressa sua frustração com anos de insegurança e culpa em relação ao próprio corpo. Ela percebe que passou muito tempo se punindo, analisando cada caloria consumida e deixando a autocrítica guiar sua relação com a comida. Então, decide abrir mão dessa culpa, desfrutar o prazer sem restrições e, se necessário, simplesmente comprar calças maiores sem vergonha ou arrependimento.


Essa fala reforça a importância da autoaceitação e do direito de viver sem se punir constantemente. Ao lado de Sofi, sua amiga, Liz aprende que cuidar de si não significa privação, mas equilíbrio. Comer bem, rir e se permitir aproveitar a vida são formas de se reconstruir.


A lição italiana é clara: a felicidade está nos pequenos prazeres, e aprender a apreciá-los faz parte da jornada de cura.


"Dolce far niente - the sweetness of doing nothing"



Passo 2: Índia (rezar)


Se na Itália Liz se permitiu sentir, na Índia ela aprende a ouvir. Ao chegar ao "Ashram", sua mente ainda está barulhenta e inquieta, repleta de questionamentos e arrependimentos. Meditar parece impossível: como silenciar uma mente que nunca para? Como encontrar paz quando tudo dentro de você grita? Mas é ali, no meio do caos interno, que ela aprende algo essencial: a cura exige paciência.


Uma das cenas mais simbólicas acontece quando Richard, seu amigo no ashram, a aconselha:


"Se você pudesse liberar todo esse peso, todo esse arrependimento... Se você pudesse perdoar, então talvez você tivesse espaço suficiente para que a paz entrasse."

E Liz solta. Numa cena delicada e emocionante, enquanto medita, ela fecha os olhos e se imagina dançando com seu ex-marido no lucal do seu casamento ao som de "Harvest Moon". Não há mágoa, não há dor, apenas os dois girando suavemente sob uma luz dourada, desse jeito, eles fazem as pazes.


"Despedidas podem ser feitas com amor."


Esse momento representa a libertação que ela tanto buscava. Perdoar não significa esquecer, mas sim escolher não carregar mais o peso daquilo que já passou.


Aprender a se conectar consigo mesma não significa apenas meditar ou repetir mantras, mas encontrar momentos de introspecção naquilo que faz sentido para você, seja na terapia, na escrita ou em conversas sinceras com quem te entende. O que Liz descobre na Índia é que a voz cruel da autocrítica não desaparece da noite para o dia, mas, aos poucos, você pode aprender a falar com mais gentileza com ela, e começar a ser legal consigo mesma.


A jornada dela nos ensina que a paz interior não é um destino, mas um exercício diário. E, acima de tudo, nos lembra de que está tudo bem não ter todas as respostas agora. Elas vêm com o tempo, e com a disposição de ouvir o silêncio.



Passo 3 (e final): Bali (amar)


Depois de enfrentar a dor na Itália e a introspecção na Índia, Liz chega a Bali com um novo propósito: se permitir recomeçar, se abrir para o amor, mas, principalmente, se reconectar com a vida. Bali, com sua beleza serena, é o palco de onde ela aprende que a verdadeira confiança em si mesma nasce não apenas da superação da dor, mas da coragem de se permitir viver novas experiências, sem medo de falhar.


O amor romântico, no início, parece um desafio. Ela se pergunta se ainda seria capaz de amar alguém de novo sem se perder, sem repetir os erros do passado. No entanto, Liz percebe que antes de buscar o amor de outra pessoa, é essencial cultivar o amor próprio. Somente quando ela realmente se reconcilia consigo mesma é que está pronta para receber outro amor. A cena em que Liz e Felipe, seu novo amor, compartilham uma conversa simples, mas profunda, em uma varanda com vista para o mar, revela que o amor não é algo a ser encontrado, mas algo a ser compartilhado entre duas pessoas inteiras, que sabem quem são e o que querem.


Em Bali, Liz encontra o equilíbrio. Não se trata mais de fuga, mas de conexão. Ela aprende que ser independente e aberta ao amor não são opostos, mas sim partes de um mesmo processo. O amor saudável não diminui, mas amplia o espaço que temos para nós mesmos. E ao fazer isso, ela não apenas abre seu coração para Felipe, mas também para as infinitas possibilidades da vida.


Bali é a culminação de tudo o que Liz aprendeu nas etapas anteriores: aceitar a dor, ouvir a si mesma e, por fim, se abrir para o que vem a seguir. A lição é clara: para recomeçar, é preciso acreditar em si e confiar que o futuro pode ser ainda mais bonito do que o que ficou para trás.


“I’m here. I love you. I don’t care if you need to stay up crying all night long, I will stay with you. If you need the medication again, go ahead and take it—I will love you through that, as well. If you don’t need the medication, I will love you, too. There’s nothing you can ever do to lose my love. I will protect you until you die, and after your death I will still protect you. I am stronger than Depression and I am braver than Loneliness and nothing will ever exhaust me.”

Vou deixar vocês com essa.



Conclusão:


O processo de cura é profundamente pessoal e único para cada um de nós. Não existe um manual para superar a dor, mas existe uma jornada que nos ensina a aceitar nossas fragilidades e a abraçar o recomeço. No filme "Comer, Rezar e Amar", a trajetória de Liz nos mostra que a dor não deve ser evitada, mas vivida e compreendida. Cada momento de sofrimento é uma oportunidade para nos conhecer melhor, entender nossas escolhas e reavaliar o que realmente importa. O caminho não é fácil, mas é necessário. E, acima de tudo, é um caminho que nos permite emergir mais fortes e mais inteiros do que jamais imaginamos.


O grande ensinamento que podemos tirar da história de Liz é que, para reconstruir nossa vida, precisamos nos dar permissão para errar, para recomeçar, para nos permitir sentir. A cada passo que damos em direção à cura, seja ele uma viagem para um país distante ou um simples momento de introspecção, estamos construindo algo novo dentro de nós. Liz não encontrou as respostas imediatamente (inclusive, ela demorou UM ANO para se encontrar), mas ao se permitir viver de forma autêntica e sem pressa, ela se reconectou com a essência do que é realmente importante. Não se trata de perfeição, mas de aceitação. Aceitação da dor, da vulnerabilidade e da necessidade de recomeçar.


No final, o mais importante é a coragem de continuar. Às vezes, a vida nos coloca em situações tão difíceis que nos sentimos perdidos, mas ao seguir os passos de Liz, aprendemos que, quando damos espaço para a dor e a reflexão, abrimos caminho para a renovação. Podemos escolher viver de forma mais leve, mais presente e mais verdadeiramente conectados com quem somos. Não é sobre encontrar a felicidade a todo custo, mas sobre criar uma vida em que possamos, sem medo, ser quem somos.


"É no momento em que permitimos que a dor nos transforme que encontramos o verdadeiro poder de nos reerguer e viver de novo. Porque, no fim, a cura não vem de fugir, mas de nos entregar ao processo, com coragem e confiança."


Obrigada por ler!



Escrito por Mariana Hirata de Lima em 25 de fevereiro de 2025






 
 
 

Recent Posts

See All

2 Comments


Vivian Gomes
Apr 13

Vim do Tiktok! Amei o jeito que você desenvolveu o artigo. Ficou leve mesmo tratando um tema meio intenso!! Parabens!

Edited
Like

claritxr
Apr 13

Esse filme é TUDOO!

Like

©2025 by Coisadegarota. Com amor, Mariana Lima

bottom of page